Sankofa, o terceiro álbum de estúdio de redveil, chega às plataformas em 4 de dezembro de 2025 com o peso de um artista que, aos vinte anos, já testou o limite entre adolescência e maturidade criativa. Gravado entre Los Angeles e residências de estúdio em Nova York, o trabalho de quatorze faixas foi precedido por sessões de audição fechadas no Brooklyn, onde o rapper-produtor apresentou versões quase finais a convidados como MIKE, Little Simz e membros da equipe da Secretly Group, selo que distribui o disco. A estreia coincide com a abertura da turnê norte-americana de 23 datas, iniciando no Union Transfer, em Filadélfia, e terminando no The Novo, em Los Angeles, em 22 de fevereiro de 2026 — roteiro que, segundo a Live Nation, já vendeu 82% dos ingressos na pré-venda silenciosa iniciada em outubro.
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O disco foi inteiramente produzido por redveil no Logic Pro, com mixagem assinada por Vic Wainstein (Oxnard, Call Me If You Get Lost) e masterização por Joe LaPorta, da Sterling Sound. A sonoridade amplia o campo harmônico de Learn 2 Swim (2022): ainda ancorado em amostras de soul dos anos 70, Sankofa adiciona camadas de cordas reais — registradas no United Studios, em Los Angeles — e programações de MPC que variam entre 72 e 98 BPM, recriando o swing irregular das primeiras mixtapes de J. Cole, referência declarada. A faixa-título, “Sankofa”, constrói-se sobre um loop de 8 compassos de “We’re Just Trying to Make It” (The Soul Children, 1973) com acréscimo de baixo Moog tocado por Kiefer, enquanto “Rain Check” traz um sample de “Eleanor Rigby” desconstruído e reencaixado em 7/4, técnica que redveil compara ao trabalho de Tyler, the Creator em Igor.
Colaborações surgem esparsas e funcionais: “Mercy Seat” tem um verso de Liv.e cantado em falsete sobre uma progressão de jazz modal; “40W” traz o rapper de Londres ENNY em um back-and-forth de 16 compassos cada, gravado remotamente durante turnê europeia dela; “Still Water” é instrumental, com solo de sax tenor de Terrace Martin que dura 24 segundos antes do drop do terceiro refrão. A ausência de participações pop de peso espelha a estratégia de redveil de manter o orçamento do álbum abaixo de 120 mil dólares, incluindo royalties de amostras, segundo planilha de custos compartilhada com a Billboard. O primeiro single, “pg baby II”, acumulou 3,7 milhões de streams no Spotify em três semanas sem playlist major, impulsionado por TikToks de fãs que recriam o passo de dança do clipe gravado no Riverside Park, no Harlem.
A narrativa do disco gira em torno da mobilidade ascendente e da culpa que ela carrega: redveil descreve no trecho final de “Weight II” a mudança do irmão de Maryland para um apartamento em Inglewood, enquanto relata o medo de “virar estátua de cera no Grammy Museum”. O álbum não é conceitual, mas retorna ao tema da responsabilidade — familiar, comunitária e histórica — que já aparecia no discurso de Camp Flog Gnaw de 2023, quando pediu cessar-fogo em Gaza. A escolha do título, palavra akan que significa “volte e busque”, surgiu após leitura de “Sankofa: A Past That Refuses to Die” (Ana Monteiro-Ferreira, 2019), texto que o artista recebeu de sua mãe, professora de literatura afro-americana na University of Maryland.