Um mês após a megaoperação que deixou 117 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, o principal alvo das forças de segurança, Edgar Alves Andrade, o Doca, continua foragido. A ação policial, deflagrada em 28 de outubro e considerada a mais letal da história do país, completou 30 dias nesta sexta-feira (28/11) sem que o criminoso de 55 anos, apontado como um dos líderes do Comando Vermelho (CV), tenha sido localizado. A Polícia Civil mantém buscas ativas e o Disque Denúncia oferece recompensa recorde de R$ 100 mil por informações que levem à sua prisão — valor inédito desde a criação do serviço. Desde o dia da operação, a central recebeu 149 denúncias anônimas sobre o paradeiro de Doca, que possui 269 anotações criminais e 26 mandados de prisão em aberto.
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Natural de Caiçara (PB), Doca chegou ao Rio de Janeiro na década de 1990 e iniciou no tráfico no Morro São Simão, em Queimados, na Baixada Fluminense. Segundo investigações, ele impôs domínio criminoso na comunidade com uso de execuções e intimidação de moradores. Preso uma única vez em 2007, após confronto de mais de 11 horas na Vila Cruzeiro, foi solto em 2016 e retomou o controle do Complexo da Penha após a morte de lideranças do CV em 2020. Hoje, ocupa o segundo posto na hierarquia da facção, atrás apenas de Marcinho VP. Seus registros criminais incluem tráfico de drogas, roubo, extorsão, corrupção de menores e organização criminosa, além de investigações por dezenas de assassinatos.
A operação que buscava Doca resultou em 117 mortes — sendo 59 com mandados de prisão pendentes e 97 com ficha criminal prévia. Cinco agentes de segurança (três civis e dois militares) também morreram. Outros 17 mortos não tinham anotações, mas 12 deles apresentavam indícios de ligação com o tráfico nas redes sociais. Além dos óbitos, a ação contabilizou 113 presos, 10 adolescentes apreendidos e 118 armas apreendidas — entre elas, 93 fuzis. A Polícia Civil não detalhou quantos dos presos seguem custodiados ou foram soltos. O Disque Denúncia mantém canais de denúncia pelo telefone (21) 2253-1177 ou WhatsApp anonimizado.